segunda-feira, 30 de maio de 2011

Anestesia

Anestesia é a segunda música do álbum Centralização dos Piroplásticos. Diferente de Centralizando que surgiu de uma jam (ver post anterior), Anestesia é uma composição trazida por Cristiano Di Donato. Para a gravação dos teclados e piano convidei Tiago Mineiro que na época tocava comigo na banda Yellowfunk (vejam o Yellowfunk em ação http://www.youtube.com/watch?v=h4Kv3uUJgQo ).
Hoje o Mineiro faz parte da banda Kaoll e Lanny Gordin (lendário guitarrista da MPB) http://www.myspace.com/bmoscatiello, da banda Funkessencia  http://www.funkessencia.com.br/ e toca com meio mundo heheheh. Além de Anestesia, contamos com a participação do Mineiro em outras três músicas do disco. Valeu Mineiro!
Nesse clipe estão fotos de agosto de 2009, tiradas por Tatiana Cavaçana (tanxs Tati!) em uma fábrica abandonada no centro de Atibaia.




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Glory Box

No fim de semana da virada cultural, aproveitei que ficaria em São Paulo e fui visitar o João em Atibaia. Eu não ia para Atibaia desde o último ensaio dos Piroplásticos em fevereiro de 2010. Passamos um domingo excelente trocando figurinhas. 
O Joba passou vários plugins de gravação e três baterias que ele gravou para músicas minhas (tanx Joba!) Depois de várias dicas, ele mostrou uma gravação feita em seu homestudio de Glory Box, do Portishead: http://www.youtube.com/watch?v=yF-GvT8Clnk
Eu sempre lembro da versão de Jorge da Capadócia feita pelos Racionais MC´s usando um sample de Glory Boxhttp://www.youtube.com/watch?v=goICQUk6NYk A versão original de Jorge da Capadócia? Jorge Ben no maravilhoso Solta o Pavão: http://www.youtube.com/watch?v=oLdg6fzpvQ8&feature=related
Eles faziam papê-colê (é assim que escreve? hehehehe) nos bonecos da Companhia Stromboli de teatro http://stromboli.multiply.com/  para a peça que vão montar e na equipe está a Lenita. Além de ser atriz, ela canta bem e cantou algumas músicas enquanto eles trabalhavam. Uma delas foi Glory Box.
O Joba viu na cantoria de Lenita a oportunidade para criar em seu estúdio. Gravou bateria, baixo, guitarra e teclados e convidou a Lenita para gravar o vocal. Ouvi a versão deles e aceitei o convite para gravar e brincar com a guitarra recém comprada pelo João. A ponte floyd rose torna o uso da alavanca diversão garantida :)
Ficou assim:




segunda-feira, 23 de maio de 2011

Centralizando


Centralizando é a música de abertura do álbum dos Piroplásticos de 2009, A Centralização Universal. Gravamos o disco todo numa tacada só na casa do João em Atibaia. O Fernando Mastrocola é o responsável pela gravação do áudio, do vídeo e dividimos o crédito com ele na produção do disco.
Ensaiamos por meses as músicas e reservamos um dia em março de 2009 para a gravação. Gravamos dois takes ao vivo (algumas músicas fizemos três takes) e depois decidimos quais gostávamos mais. Utilizamos a versão escolhida para colocar os overdubs com outros instrumentos e gravar as vozes.
A primeira sessão de gravação foi feita com roupas normais, rs, sem maquiagem ou caracterização. A segunda sessão de gravação foi com tudo que tinhamos direito no melhor estilo Piroplásticos central. Passamos os meses seguintes finalizando as músicas. O Fefe fez alguns clipes com o material do dia da gravação, Centralizando é um deles.
Vou postar os três discos dos Piroplásticos aos poucos, começando por este. Divirtam-se :) 

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O pior a fazer



Eu não te amo, eu te odeio e agora vou me vingar
Por que me falta, eu quero tudo e nada vai me escapar
Vou te rasgar, te estuprar, sem nunca me satisfazer
Vou arrancar sua beleza, vou te fazer sangrar
Tirar teus filhos do teu seio e te industrializar
Tornar você mais um produto e te anunciar
Te maquiar, cortar, borrar e virar de ponta cabeça
Vou abusar sem piedade de sua benevolência
Arrancarei suas veias, suas vísceras vou mastigar
Vou me fartar de sangue na boca, meus dentes vão despedaçar

A não ser que me impeçam
Será que vai ser você?
Eu não quero parar
Nem me arrepender

Horrorizados vão me chamar de canalha e de filho da puta!
Vocês que lavam as mão e fazem igual ou pior do que eu
Descendem de Caim e estão a espera de sua vez
Para matar o irmão e assim fazer sua vontade valer
Lucrar, ganhar dinheiro e conforto, etcétera e tal
Somos marionetes de um futuro antecipado
Primeiro eu, segundo eu, terceiro... ah, vá te catar!
Você não é único, exclusivo, ora você não é Deus
Mas é divina a possibilidade de deixar o ser

Só isso pode fazer
A gente brecar
Vamos pagar para ver
a engrenagem quebrar?

Lá na horda primeva estava eu
Eu era o filho mais novo, eis o que sucedeu:
Meu pai era o pai da horda e logo ele morreu
Eu e meus irmãos o matamos, depois a gente o comeu
Isso por que ele era malandro, achou que tudo era seu
Ninguém quis ocupar seu lugar, fizemos dele um Deus
Lá no céu a nos vigiar e a gente sempre temer

Pra gente sempre amar
e nunca esquecer
que ir a esse lugar
é o pior a fazer

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Todos em busca do amor


Em virtude de um problema no blogger na quarta-feira, estou escrevendo novamente sobre Todos em busca do amor.
Eu compus esse música em 2006 e levei dois anos para gravar, produzir e divulgar esta canção. Participaram das gravações o Daniel Casulli do estúdio Ad Road no baixo e o Fernando Bueno na bateria. Eu gravei os vocais, guitarras e violões. A direção musical é do Daniel e divido o crédito da produção com ele.
Hoje está cada vez mais claro, por mais óbvio que pareça, que não cheguei ao Rasboços e Escunhos por acaso. Gravar Todos em busca do amor foi uma experiência parecida com a que quero promover no blog. A diferença, além de mais músicas, está em chamar os músicos para gravar usando a internet como ponte ou levando meu equipamento de gravação até o músico que aceitar o convite de participar do processo criativo.
Todos em busca do amor?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

EU, ETIQUETA

De Carlos Drummond de Andrade no livro Corpo:



  
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.