quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A antesala da lisergia


Eu encontrei na antesala da lisergia
O limite do meu corpo desintegrou debaixo para cima
Como um zíper, abrindo para o vazio
Logo não havia nada além da escuridão
Havia chegado o fim... Eu acordei!

Um dia eu acordei
 E descobri que todos nós estamos fadados à felicidade
Eu sorri
Não havia mais peso
Curti o sossego, fora todo tormento que possa existir
Foi aí então que girou a lampadinha

Multi-mulher - um assalto esverdeado!
'Por que riem de mim?'
Perseguido por conspirações, sem entender...
Acendo a luz, olho o cenário, não tem o que esconder
A realidade é uma farsa
Invento o que der para ingressar na humanidade,
Mesmo perdendo

E nem lamento o que perdi
É oportunidade para o que for novo vir
É desapego? Certamente sim
É contentamento a qualquer momento com o que surgir

Apesar de toda a maldade por aí
Manipulam, roubam, matam, sugam com o canudo
Lucram devastando com o futuro da tua gente
Dividem e isolam o homem preso na caverna
E assim está impedida a força bruta da união entre as pessoas  

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Indivisível e dual


Indivisível e dual
É invenção individual
Binário, é singular e plural
Difere opostamente igual

Sombras na parede dizem quem é você
E o silêncio diz: 'você não é'
As estrelas giram velozmente sem parar
Somos nós quem tomamos consciência

Debaixo do seu nariz
Escancarada, você nem vê
Quem é? Parece não aparecer
Onipresente a mim ou a outrosser

As palavras lavram igual mosquitos em pleno verão
São larvas parasitas, borboletam...
As palavras falam mais do que queremos dizer
A verdade doa a quem doer

Versa um, Universo
Em todo corpo
Procurando saída

Versa um, Universo
Em todo canto
Estridente e mudo

Versa um, Universo
Se aqui estamos
Quase por acidente

Versa um, Universo
Fazendo escolhas
Provavelmente...

A vida não é um mar de rosas
É oceano de possibilidades
Subverte a má-temática do senso comum
Faz do instante pura ficção
E da saudade o inverso do horizonte



sábado, 12 de fevereiro de 2011

Camadas sonoras - 5 passos

No final de 2010, pedi para o meu irmão trazer de Londres uma placa de som USB. Junto com a placa, veio um programa de gravação e alguns instrumentos midi. Domingo passado, eu instalei o programa e os instrumentos midi no computador e comecei a brincar com os instrumentos virtuais: flautas, sintetizadores, baterias, pianos, etc. Tudo isso usando o teclado do computador! Toquei e ouvi vários instrumentos e no meio do caminho surgiram duas frases distintas. Depois eu percebi que podia ligá-las e pronto, fiz uma música!!! rs Dentre várias sonoridades, eu achei uma muito boa e engraçada ao mesmo tempo. Liguei o metrônomo do programa e comecei a gravar:
 
O bacana do instrumento midi, é você poder corrigir os erros de tempo, acrescentar e tirar notas usando uma caneta virtual. Eu estava me divertindo. Empolgado, decidi colocar uma bateria midi. Aleatoriamente, pelo menos era o que eu acreditava, lembrei da bateria de Chameleon, de Herbie Hancock em Head Hunters: http://www.youtube.com/watch?v=SQsSQRWMhOs Eu toquei muitas vezes essa música com os Surreais e o Fernando Bueno (A.K.A. Kapeta/Bundinha) comentou comigo uma vez que o 'pulo do gato' na bateria dessa música era a caixa no contra tempo. Deu trabalho, aprendi alguns truques e consegui fazer uma batera parecida com a de Chameleon:


A bateria faz toda a diferença, né? Depois de alguns dias eu descobri de onde realmente veio a idéia de usar a bateria de Chameleon como referência. Enquanto eu instalava o programa, eu ouvi dois discos do Beck Hansen, Modern Guilt e The Information. Muito bons por sinal, experimentais, ótima referência! Eu escutei novamente esses discos durante a semana e na música Cellphone's Dead (The Informant), a bateria é idêntica à de Chameleon: http://www.youtube.com/watch?v=DGCwUoKWcxs - o clipe é bizarro heheheh!!!!!!!!!!!
Foi uma pista valiosa para entender como o inconsciente atua no processo criativo! Ouvindo novamente os discos do Beck, eu encontrei outra música, Nausea (the Informant) http://www.youtube.com/watch?v=PTWJ1_nF_kU,  e nela, ele usa um efeito percussivo idêntico ao da música do Tom Zé, Dor e Dor (Se o caso é chorar) http://www.youtube.com/watch?v=U74Qo9PyKQ8 - mais tarde Tom Zé usou a mesma base para escrever Jimi Renda-se, muito bom!
Voltando ao domingo a tarde, peguei o baixo, pluguei na placa, e fiquei tocando com a bateria e o teclado até sair uma linha:

   

Depois pluguei a guitarra direto na placa e gravei duas bases:

 

Por fim, o 'TOC de midis' hehehe, voltei aos instrumentos midi e adicionei uma flauta:


Parei nesse ponto... Antes, rs, tentei acrescentar umas viradas de bateria - não funcionou. Talvez falte uma letra... Alguém aí se habilita a soltar a 'véia' poética e fazer uma parceria?




sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sol


Eu comecei a compor Sol depois de uma jam em casa, a Silvia na batera e eu na guitarra e vocais. Passamos uma tarde de sábado, em outubro de 2010, tocando várias músicas que nós gostamos e nos intervalos tomávamos goles vigorosos de pinga Claudionor :) (Pequena digressão. Descobri outro dia que Claudionor é um hit entre os jornalistas de Brasília).
Ensaiamos várias vezes Rain, dos Beatles, lado B de Paperback Writer no single que antecedeu o maravilhoso disco Revolver (http://en.wikipedia.org/wiki/Rain_(The_Beatles_song). Essa música tem um breque quase no fim, com o Paul e o Ringo dialogando e é muito legal!
Fizemos um monte de vezes essa parte do breque até acertarmos e numa das vezes desencanamos de tocar a música certinha e entramos numa jam. Uma parte dessa jam e a idéia de contrapor Rain com Sol, foram combustíveis para fazer a música.