quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Oxalá


Oxalá é uma música de 2003, original do álbum dos Piroplásticos que eu gosto de chamar Das horas que passamos.  Na Centralização essa música representa o turning point, momento em que os Pirambabas resolvem ganhar dinheiro fundando a Igreja da Centralização. É o nosso momento Anakin indo para o lado negro da força e se tornando Darth Vader!
Pelo que lembro, a idéia para a letra surgiu depois de eu assistir um programa de televisão. Era um programa da globo apresentado pelo Cazé Peçanha e tinha essa matéria que ensinava como abrir uma igreja. Falava das facilidades: isenção de impostos, R$ 50,00 no cartório para abrir sua própria igreja e pimba! Escrevi Oxalá.
Foi uma forma de criticar as igrejas que abusam da fé de seu frequentadores. O oxalá que dá o nome à música e aparece no refrão é um jogo com o nome do orixá e com tomará Deus, pouco usado por nós atualmente:
Tomará Deus (oxalá) eu consiga abrir a igreja e arrancar o dinheiro dos fiéis hehehehe
O mestre Ananias que depois se tornou o nosso mestre ascencionista, rs! surgiu na mesma época em que Silvia e eu inventamos o termo graticidade.
Nos idos de 2003, estávamos no Bourbon street com uma turma enorme, talvez para ver um show do lendário guitarrista da MPB Lanny Gordin retornando aos palcos depois de anos afastado.
Em algum momento da balada acho que a Marina Atallinha ou a Sil acharam uma comanda de consumo praticamente vazia... Depois de alguns titubeios éticos, mandamos para as cucuias a correção e decidimos utilizar a comanda para nosso próprio desfrute! Cigarros, bebidas, talvez até lanches, vejam só, rs! Inebriados da farra consumista recém-conquistada, começamos a falar uma bobagem atrás da outra e tcharam: às gargalhadas criamos o neologismo graticidade.
Com o termo tentávamos justificar nosso pequeno delito, afirmando que se algo se apresenta gratuitamente você deve aproveitar. Cara de pau a nossa! Acho que no meio disso surgiu também o mestre Ananias. 
Algumas pessoas quando vão tomar pinga derrubam um pouquinho oferecendo pro santo. Nós quando recebíamos algo em graticidade hahahahah ofereciamos um pouco ao mestre Ananias, senão ele podia cobrar de volta o que nos deu de graça e aí você já viu.......
Tudo a ver com o tema da música. Foi nessa música também que o termo Centralização surgiu pela primeira vez. No final da música o João Grembecki canta: "venham para a igreja da Centralização, onde o bem e o mal se encontram na mais pura união".
Foi só em 2007 que resolvemos levar mais a sério e o Joba, o Cristiano di Donato e eu começamos a estudar assuntos relacionados ao que passamos a chamar de centralização. Muitas músicas surgiram em torno desse tema a partir de então.
Musicalmente 2003 foi uma época em que eu estava obcecado pelas gravações de Jorge Ben na década de 60 e 70 e os acordes foram totalmente inspirados nessa fonte. Eu não tinha a letra ainda e levei a sequência para os Piros lá na Vila Mariana. O pré refrão surgiu numa jam sem querer. Nós estávamos na mesma sequência fazia algum tempo e o Cris mudou indo de mi para ré no baixo e eu fui atrás no si menor e no fá sustenido com sétima e quinta aumentada (agora gastei hein?) Cada um tocando uma coisa... achei que ficou do caralho, fiz a letra depois disso. 

domingo, 21 de agosto de 2011

Agrade cimento

Semana passada, Rasboços e Escunhos ultrapassou as 1000 visitações. Sou imensamente grato pelo interesse de vocês, amigos e visitantes do blog.
Nas últimas semanas produzi bastante. No Rio, avancei na gravação em 5 ou 6 músicas e tenho feito descobertas maravilhosas com os erros durante o processo criativo. Essas descobertas abrem novas possibilidades e criam em mim o desejo de fazer algo mais ousado do que eu imaginava no começo.
A morte recente de Lucian Freud (pintor e neto do pai da psicanálise) me aproximaram de sua obra e produziram em mim uma certa nostalgia da época em que eu desenhava e pintava com frequência. 
Tenho agora a concepção de que no computador faço algo parecido com pintar. O suporte é o computador e seus softwares e eu tento coisas, faço rascunhos, apago tudo e começo de novo, paro num ponto sem solução e deixo para depois acreditando que num próximo encontro com a música encontrarei uma solução mais satisfatória... A grande diferença é que não fico sujo de tinta, rs!
Depois que comecei a postar minhas músicas no Rasboços e Escunhos me dei conta da quantidade de material que acumulei ao longo dos anos. Os Piroplásticos eu já postei bastante coisa e tem muito mais, tenho muito material dos Surreais e recentemente achei, por intermédio do Cris, uma fita k7 do Abaixo Assinado Anônimo, hehehehe que é nitroglicerina pura, juro!
Como vocês podem perceber, não falta material para rechear o blog!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Grande Gambeá


O Grande Gambeá foi uma das primeiras músicas de Centralização a ficar pronta e se eu não estou enganado foi a primeira ter clipe. Eu escrevi a letra e trouxe a música pros Piros. O instrumental dessa música surgiu muito antes da letra em alguma jam interminável :) 
A melodia vem de uma música do Cris com uma pegada indígena em que ele cantava algo como: "jamba gambea". Cris, help me, qual é mesmo o nome dessa sua música? Inicialmente que queria fazer uma música usando o som de jamba gambea para as palavras vamos jamear, saiu O Grande Gambeá.
O Grande Gambeá é uma invenção nossa, descendente direto do Chipanzé Atômico que está no nosso disco anterior, Das horas que passamos. Com a música Oxalá e toda construção em relação à Centralização, bolamos um panteão para o que seria a nossa religião. Em O grande Gambeá utilizei o mito da orixá guerreira Obá, que entra na conversa da Oxum para conquistar Xangô. O mito diz que Oxum convence Obá de que o segredo para uma tal refeição que conquistasse Xangô, seria Obá cortar as orelhas e colocar como tempero. Obá segue o conselho da Oxum e se corta. Oxum queria ela fora do caminho para ter Xangô somente para ela. 
Acabei de descobrir que no wikipedia desmentem essa versão...